Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

De acordo com a historiadora, a) as classes dominantes - UNIFESP 2018

Atualizado em 30/09/2024

Para responder a questão, leia o trecho do livro Abolição, da historiadora brasileira Emília Viotti da Costa.

Durante três séculos (do século XVI ao XVIII) a escravidão foi praticada e aceita sem que as classes dominantes questionassem a legitimidade do cativeiro. Muitos chegavam a justificar a escravidão, argumentando que graças a ela os negros eram retirados da ignorância em que viviam e convertidos ao cristianismo. A conversão libertava os negros do pecado e lhes abria a porta da salvação eterna. Dessa forma, a escravidão podia até ser considerada um benefício para o negro! Para nós, esses argumentos podem parecer cínicos, mas, naquela época, tinham poder de persuasão. A ordem social era considerada expressão dos desígnios da Providência Divina e, portanto, não era questionada. Acreditava-se que era a vontade de Deus que alguns nascessem nobres, outros, vilões, uns, ricos, outros, pobres, uns, livres, outros, escravos. De acordo com essa teoria, não cabia aos homens modificar a ordem social. Assim, justificada pela religião e sancionada pela Igreja e pelo Estado – representantes de Deus na Terra –, a escravidão não era questionada. A Igreja limitava-se a recomendar paciência aos escravos e benevolência aos senhores.
Não é difícil imaginar os efeitos dessas ideias. Elas permitiam às classes dominantes escravizar os negros sem problemas de consciência. Os poucos indivíduos que no Período Colonial, fugindo à regra, questionaram o tráfico de escravos e lançaram dúvidas sobre a legitimidade da escravidão, foram expulsos da Colônia e o tráfico de escravos continuou sem impedimentos. Apenas os próprios escravos questionavam a legitimidade da instituição, manifestando seu protesto por meio de fugas e insurreições. Encontravam, no entanto, pouca simpatia por parte dos homens livres e enfrentavam violenta repressão.

(A abolição, 2010.)

De acordo com a historiadora,

  1. as classes dominantes valiam-se de argumentos religiosos para legitimar a escravidão.

  2. os negros não ousavam sequer questionar a legitimidade da escravidão.

  3. a Igreja assumia uma postura corajosa em defesa dos escravos.

  4. as ideias defendidas pelas classes dominantes destoavam da ideologia vigente na época.

  5. os negros que ousavam combater o tráfico de escravos eram expulsos da Colônia.


Solução

Alternativa Correta: A) as classes dominantes valiam-se de argumentos religiosos para legitimar a escravidão.

A alternativa A é correta porque a historiadora afirma que as classes dominantes utilizaram argumentos religiosos para legitimar a escravidão no Brasil. A citação menciona que essa justificativa estava profundamente enraizada na ordem social da época, sendo apresentada como uma norma que não poderia ser alterada pelos homens. A ideia de que a escravidão era uma instituição divina conferia a ela um caráter sagrado, dificultando qualquer questionamento ou contestação.

A citação sugere que a Igreja e o Estado atuavam como representantes de Deus, reforçando a ideia de que a estrutura social, que incluía a escravidão, estava em conformidade com a vontade divina. Esse uso de argumentos religiosos não apenas sustentava a prática da escravidão, mas também deslegitimava quaisquer tentativas de reforma ou abolição, criando um ambiente onde os questionamentos eram considerados irreverentes ou subversivos.

Dessa forma, a historiadora destaca a manipulação da religião pelas classes dominantes como uma estratégia eficaz para manter o status quo. A legitimidade conferida pela religião servia para desviar críticas e para assegurar a continuidade de uma prática que, embora moralmente questionável, era socialmente e religiosamente sancionada, perpetuando a opressão dos escravizados.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2018

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

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