Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
De acordo com a cronista, o intenso convívio com os - UNIFESP 2024
Para responder a questão, leia a crônica “Nós, o dicionário e a professora Dina” da escritora angolana Ana Paula Tavares.
O dicionário e a professora Dina entraram nas nossas vidas ao mesmo tempo. Também as palavras tática, guerra, resistência. A professora Dina pretendia domesticar o nosso português corta-mato, infalível nas batalhas de rua, eficaz no nosso ódio à ordem, disciplina. Era um português praticado na rua pedindo de empréstimo às outras línguas palavras, construções, tudo o que pudesse facilitar a frase curta, intensa, eficaz. A professora […] apresentou-nos o Dicionário. A partir daquele dia tal livrinho devia permanecer aberto para sempre nas nossas vidas. A professora Dina acreditava […] que “se olhássemos tempo suficiente para o escuro, acabaríamos por ver aí alguma coisa”. Descobrimos juntos a história dos dicionários e da língua. Fomos à procura da palavra através da “compilação completa ou parcial das unidades léxicas de uma língua (palavras, locuções, afixos) ou de certas categorias dessa língua, organizadas numa certa ordem convencionada, geralmente alfabética, e que fornece, além das definições, informações sobre sinônimos, antônimos, ortografia, pronúncia, classe gramatical e etimologia”. Descobrimos os mais variados dicionários, desde os especializados na linguagem de uma época, ou de um escritor determinado, aos das diferentes áreas do saber. A história da língua tornou-se-nos familiar através da origem das palavras e da sua evolução no tempo.
Fomos tomando posse de uma língua que era a nossa língua materna mas da qual só conhecíamos o ruído, o grito, a ponta afiada para ser usada na rua. O silêncio, as formas de pensar e julgar, e as escalas de valor foram aprofundados com a consulta do dicionário. […] Um dicionário, mesmo de recursos simples, oferece palavras e expressões saídas da poeira da memória, que voltam aqui prontas para nosso serviço […]. A linguagem em si não é precisa nem imprecisa. Nós é que a podemos usar de forma menos cuidada, alterando os caminhos que a semântica nos propõe. […] A sugestão continua a ser: mantenham o dicionário sempre aberto, em revisita aos falares e sabores em e da língua portuguesa e de todas as outras que nos rodeiam.
(Ana Paula Tavares. Um rio preso nas mãos, 2019.)
De acordo com a cronista, o intenso convívio com os dicionários acabou por conferir aos alunos a seguinte qualidade:
-
introversão.
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rebeldia.
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ponderação.
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volubilidade.
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objetividade.
Solução
Alternativa Correta: C) ponderação.
A resposta correta é a C), pois a crônica de Ana Paula Tavares retrata como o convívio intenso com os dicionários permitiu aos alunos desenvolver uma maior capacidade de reflexão e ponderação sobre a língua e suas nuances. A professora Dina não apenas introduziu um recurso de consulta, mas também incentivou uma relação ativa e crítica com a linguagem, o que se reflete na ideia de "tomar posse" da língua e entender suas múltiplas possibilidades.
A crônica destaca que, ao conhecer a origem e a evolução das palavras, os alunos passaram a ver além do "ruído" cotidiano da linguagem, adquirindo uma visão mais profunda sobre como as palavras podem ser utilizadas. A frase sobre usar a linguagem "de forma menos cuidada" indica que, ao dominar mais recursos linguísticos, os estudantes se tornaram capazes de refletir sobre suas escolhas verbais, podendo alterar o sentido que a semântica propõe.
Esse processo de descoberta e reflexão é característico da ponderação, já que os alunos aprenderam a avaliar e julgar as palavras de maneira mais crítica, reconhecendo seu poder e influência. Assim, a crônica sugere que o aprendizado da língua, mediado pelo dicionário, promoveu um desenvolvimento que vai além da mera comunicação, conferindo aos alunos uma nova forma de pensar e expressar-se.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2024
Assuntos: Interpretação Textual
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