Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os - ENEM 2012
Atualizado em 13/05/2024
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
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metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
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aproximação exagerada da estética abstracionista.
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apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
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exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
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citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
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