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“Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou - UNICAMP 2024
“Um deles viu umas contas brancas de rosário, acenou que lhas dessem e divertiu-se muito com elas. Enrolou-as ao pescoço, depois tirou-as e embrulhou-as no braço, e acenava para a terra e depois para as contas, e em seguida para o colar do capitão, dando a entender que eles dariam ouro por aquilo. Isto nós entendíamos assim porque queríamos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto nós não queríamos entender, porque não lho daríamos."
(CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de Achamento do Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP, p. 108, 2001.)
Em seu relato de viagem, Pero Vaz de Caminha
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descreve a natureza e as pessoas que os portugueses encontraram no Novo Mundo, inventariando os detalhes da viagem, com vistas à preservação da História Colonial.
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descreve e interpreta os fatos, mostrando que a compreensão dos portugueses sobre os povos originários era mediada pelos interesses do colonizador.
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descreve como os povos originários do Novo Mundo auxiliaram os colonizadores na prospecção por riquezas, antevendo a realização do projeto colonizador.
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descreve e interpreta os fatos, sugerindo que, na visão dos povos originários, era possível a convivência pacífica com o colonizador, já que compartilhavam os mesmos interesses.
Solução
Alternativa Correta: B) descreve e interpreta os fatos, mostrando que a compreensão dos portugueses sobre os povos originários era mediada pelos interesses do colonizador.
A alternativa B é correta porque, no trecho da Carta de Achamento do Brasil, Pero Vaz de Caminha descreve o encontro entre os portugueses e os povos indígenas, mas essa descrição é claramente mediada pela visão eurocêntrica e pelos interesses do colonizador. A interpretação dos gestos e comportamentos dos indígenas, como a troca das contas e do colar, reflete a maneira como os portugueses viam esses povos e as suas intenções. Caminha parece interpretar que os indígenas estavam dispostos a negociar com os portugueses de acordo com suas próprias noções de valor, mas também assume que os portugueses não iriam ceder no que diz respeito ao ouro e à troca de objetos valiosos.
O fato de Caminha entender a situação "porque queríamos" revela a perspectiva de quem já tinha um interesse em dominar e explorar a terra e seus habitantes. A forma como ele descreve a negociação e as trocas de bens (como as contas de rosário) ilustra a ideologia colonizadora dos portugueses, que viam o encontro com os indígenas como uma oportunidade de comércio e troca, mas com uma compreensão distorcida, centrada nos interesses europeus. A visão dos portugueses estava condicionada ao seu próprio olhar de superioridade e ao desejo de conquistar riquezas.
Dessa forma, a carta de Caminha não só descreve os acontecimentos, mas os interpreta de maneira a garantir que a visão do colonizador prevaleça, evidenciando a relação desigual entre os dois povos. A alternativa B destaca exatamente esse aspecto, de uma compreensão mediada pelos interesses coloniais, tornando-a a mais adequada para o trecho apresentado.
Institução: UNICAMP
Ano da Prova: 2024
Assuntos: Período Pré-Colonial
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