Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas

No texto, a moça a) finge não entender o próprio conto - UNIFESP 2021

Atualizado em 28/09/2024

Leia o conto de Carlos Drummond de Andrade para responder a questão.

O entendimento dos contos



— Agora você vai me contar uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e satélites artificiais.
— Pois não — respondeu a moça, que acabara de concluir o mestrado de contador de histórias, e estava com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e o governo como tudo mais se fazia em embarcações atracadas ou em movimento, conforme o tempo. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.
Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcação há muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham um centavo. Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis, diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto. Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformarme em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda não tinham sido inventados. Continuou humilde satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordão de seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.
— Mas que significa isso? — perguntou o moço,
insatisfeito. — Não entendi nada.
— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.

(Contos plausíveis, 2012.)

No texto, a moça

  1. finge não entender o próprio conto para perturbar o rapaz.

  2. sugere que a vida, como a maioria dos contos, dificilmente termina bem.

  3. sugere que dificilmente o sentido da vida possa caber em um conto.

  4. acredita que a vida precisa ser decifrada, como a maioria dos contos.

  5. acredita que os contos, como a vida, prescindem de explicação.


Solução

Alternativa Correta: E) acredita que os contos, como a vida, prescindem de explicação.

A alternativa e é a correta porque a moça, ao afirmar que "os contos devem ser contados, e não entendidos", destaca que tanto as narrativas quanto a vida em si não necessitam de uma explicação rigorosa. Essa visão sugere que a essência das histórias está na experiência e na vivência, e não na interpretação lógica.

Além disso, ao se referir à vida, a moça enfatiza que a complexidade das experiências humanas não pode ser totalmente decifrada. Assim como um conto, a vida é feita de emoções e situações que podem parecer confusas, mas que são valiosas em sua própria forma.

Por fim, essa perspectiva oferece uma liberdade ao entendimento das histórias, onde o ato de ouvir e sentir é mais importante do que buscar respostas definitivas. A moça, portanto, sugere que a beleza dos contos e da vida reside na sua capacidade de nos tocar, mesmo que não possuam um sentido claro.

Institução: UNIFESP

Ano da Prova: 2021

Assuntos: Interpretação Textual

Vídeo Sugerido: YouTube

Ainda não há comentários.

Autenticação necessária

É necessário iniciar sessão para comentar

Entrar Registrar

Apoie nosso trabalho!
Assine Agora