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De acordo com o texto, as autoridades, no que diz - UNIFESP 2010
Gripe: sala de aula vazia, shopping cheio
Durante a epidemia de influenza (a “gripe espanhola”) que grassou no país em 1918, as autoridades municipais de Curitiba determinaram o fechamento de todas as casas de espetáculos e proibiram aglomerações, inclusive o acompanhamento dos enterros e a frequência a templos religiosos. Ante os parcos recursos e conhecimentos médico-científicos de então, estima-se que a epidemia tenha matado cerca de 50 milhões de pessoas no mundo.
Agora, no século 21, nossas autoridades estão permitindo a desinformação e o caos. Enquanto diversas escolas adiaram o início das aulas do segundo semestre ou as suspenderam, e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo determinou a volta às aulas apenas no dia 17 de agosto, o secretário de Saúde do Paraná inicialmente criticou as instituições curitibanas pela atitude “precipitada” – depois, acabou cedendo, embora argumentando que os motivos não são técnicos, e que aderiu à medida apenas para tranquilizar as famílias. Várias vozes qualificadas classificaram o adiamento como inútil e inócuo.
Os especialistas divergem. Uns dizem que a gripe A tem gravidade e letalidade parecidas com a da gripe sazonal e que bastam as ações preventivas que estão sendo tomadas para conter riscos maiores. Outros especialistas, por sua vez, afirmam que a situação é mais grave do que se noticia e que deveriam ser tomadas medidas mais drásticas, justificando a suspensão das aulas.
Quando nem as autoridades da saúde se entendem, como o cidadão pode ter uma orientação segura? Se há uma pandemia, trata-se de um problema de saúde pública – portanto, cabe ao Poder Público orientar e inclusive baixar normas a respeito, determinando que atitudes devem ser tomadas. Se não o faz, ou o faz de modo contraditório, continuamos nessa situação absurda, com suspensão de algumas atividades e de outras não. A capa da Gazeta do Povo de 30/07 é sintomática: ao mesmo tempo em que noticia em grande manchete a suspensão de aulas, apresenta a chamada: “Férias e chuva lotam shoppings de Curitiba”. O texto dessa chamada informa que “julho foi um mês de ouro para os shoppings”, por causa das férias escolares e do clima frio e chuvoso, capaz de encher lojas e cinemas. E o texto completa: “a previsão é de um agosto ainda melhor”. Portanto, a suspensão das aulas provavelmente terá como efeito a aglomeração de pessoas em outros ambientes, com riscos iguais ou maiores que a frequência às aulas.
(Gazeta do Povo, 01.08.2009. Adaptado.)
De acordo com o texto, as autoridades, no que diz respeito às questões de saúde pública em Curitiba,
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têm uma visão muito mais clara do problema e das ações emergenciais a serem tomadas, o que se deve à experiência vivida no passado com a gripe espanhola.
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mostram-se pouco familiarizadas com esse tipo de problema, o que pode ser comparado com a negligência vivenciada no passado, ao se tratar da gripe espanhola.
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têm sido alvo de críticas pelas informações contraditórias que veiculam na mídia, mas agem acertadamente quando se trata das ações efetivas de combate à gripe A.
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apresentam muita dificuldade para lidar com o problema, uma vez que hoje, assim como no passado, a escassez de recursos impede a tomada de ações eficazes.
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atuaram de forma mais diligente no passado, havendo, no momento atual, atitudes pouco consistentes face à gravidade do problema representado pela gripe A.
Solução
Alternativa Correta: E) atuaram de forma mais diligente no passado, havendo, no momento atual, atitudes pouco consistentes face à gravidade do problema representado pela gripe A.
A alternativa E é a correta porque o texto faz uma comparação entre as atitudes das autoridades de saúde de Curitiba no passado, durante a epidemia de gripe espanhola, e as atitudes atuais diante da gripe A. No passado, as autoridades tomaram medidas mais rigorosas, como o fechamento de locais públicos e a proibição de aglomerações, refletindo uma abordagem mais decisiva e diligente diante da crise. No entanto, atualmente, o texto denuncia uma atitude contraditória por parte das autoridades, que em vez de fornecer uma resposta clara e coordenada, se mostram confusas e desinformadas, permitindo que ocorram decisões contraditórias, como o fechamento das escolas e a manutenção de atividades em shoppings, o que pode aumentar os riscos de contágio.
Além disso, o texto critica a falta de uma postura clara e consistente por parte das autoridades atuais, especialmente porque, ao contrário da experiência do passado, as respostas da atualidade não têm sido eficazes em controlar o problema. A frase "continua nessa situação absurda" sugere que as ações adotadas agora são ineficazes, refletindo uma falta de ação resolutiva e bem planejada, o que torna a resposta contraditória e inconsistente.
O confronto entre o passado e o presente é central na análise do texto. Enquanto no passado, as autoridades tomaram medidas com mais determinação e clareza, no presente, as decisões estão sendo tomadas de forma mais errática, sem um plano claro e sem consenso entre as vozes qualificadas. Isso demonstra uma atuação menos diligente e mais incerta em relação à gravidade do problema, tornando a alternativa E a mais adequada.
Institução: UNIFESP
Ano da Prova: 2010
Assuntos: Interpretação Textual
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