Disciplina: Língua Portuguesa 0 Curtidas
A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso - FUVEST 2019
Textos para as questões 71 e 72
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
II. Meu caro crítico, Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha-me Deus! é preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente no estilo do romance, ou seja,
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o realismo, visto no rigor explicativo dos fatos.
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a religiosidade, que se socorre do auxílio divino.
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o humor, capaz de relativizar as ideias.
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a metalinguagem, que imprime linearidade à narração.
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a ironia, própria do discurso positivo.
Solução
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