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“Dos pretos é tão própria e natural a união que a todos - UNICAMP 2024
“Dos pretos é tão própria e natural a união que a todos os que têm a mesma cor, chamam parentes; a todos os que servem na mesma casa, chamam parceiros; e a todos os que se embarcam no mesmo navio, chamam malungos.”
(VIEIRA, Padre Antônio. Sermão XX. Parte II. Lisboa: Impressão Craesbeeckiana, p. 165, 1688.)
Sobre as comunidades de malungos no período da escravidão, é correto afirmar, de acordo com o texto, que são formadas
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nos laços entre africanos de múltiplas etnias, os quais haviam atravessado juntos o Atlântico.
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no encontro dos africanos nas senzalas, no exercício de ofícios e no trabalho da lavoura.
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no Novo Mundo por pessoas de uma mesma etnia que se reconheciam como iguais.
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nos quilombos rurais e urbanos, formados por escravizados fugidos de muitas etnias.
Solução
Alternativa Correta: A) nos laços entre africanos de múltiplas etnias, os quais haviam atravessado juntos o Atlântico.
A alternativa A é correta porque o texto menciona como os africanos, apesar de pertencerem a diferentes etnias, se reconheciam como "parentes", "parceiros" ou "malungos", com base na experiência compartilhada da escravidão e da travessia do Atlântico. O termo "malungos", em particular, se referia aos companheiros de viagem nos navios negreiros, independentemente de suas origens étnicas, evidenciando a formação de laços de solidariedade entre os africanos. Esses vínculos não dependiam da etnia, mas da experiência comum da escravidão e da resistência a ela, o que contribuiu para a formação de uma identidade coletiva entre os africanos no Brasil.
Além disso, a ideia de união e pertencimento entre os africanos, expressa no uso das palavras "parentes", "parceiros" e "malungos", reflete como, mesmo em um contexto de extrema violência e opressão, os africanos criaram redes de apoio e solidariedade. Esses laços transcenderam as barreiras étnicas e culturais originais e foram fundamentais para a resistência à escravidão, pois ajudaram a manter o senso de identidade e coletividade, além de possibilitar a organização de fugas e ações de enfrentamento.
Por fim, é importante destacar que essa solidariedade entre os africanos não se limitava apenas à experiência da travessia atlântica, mas se estendia a todas as situações de convivência em que os africanos se encontravam, como nas senzalas, nos campos de trabalho e nos quilombos. Esse processo de construção de laços de fraternidade entre os cativos foi fundamental para a resistência à desumanização imposta pela escravidão e para a formação da sociedade brasileira.
Institução: UNICAMP
Ano da Prova: 2024
Assuntos: Escravidão
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